Muitas vezes vejo alunos nas academias realizando treinos em superséries de maneira equivocada. Alguns fazem bisets ou trisets sem benefício algum, pensando apenas na economia de tempo. Será isso válido?
O treino em supersérie pode ser definido como (Uchida et al. 2006) um método de treinamento que consiste na realização de 2 ou mais exercícios sem intervalo. Podem ser para o mesmo grupo muscular, grupos antagônicos ou ainda grupos completamente isolados (superiores e inferiores).
Parece modismo o tal do treino em supersérie. A toda hora aparece aluno pedindo para revezar a máquina pois está realizando um "treino em biset".
Alguns professores consideram que as superséries servem para o aumento de intensidade do exercício e a economia de tempo. Prescrevem-no para todos os alunos, em especial aqueles que tem pouco tempo para gastar na academia. Mas será correto?
Não completamente.
Mas acredito que o professor tenha passado um treino em biset para motiva-lo a se exercitar e ajuda-lo a consumir mais calorias. E no fim das séries, o aluno sente que "pegou", pois o cansaço é grande.
O aluno iniciante vai sim aproveitar o tempo na academia, vai ganhar um pouco de resistência, mas não vai produzir muita hipertrofia muscular. E sendo ele iniciante, deveria se preocupar mais com o fortalecimento articular e a hipertrofia de músculos grandes, responsáveis pela postura e equilíbrio agonista/antagonista, do que na rapidez do treino e economia de tempo.
No entanto, o treino em supersérie é mais indicado para avançados, pois exige grande resistência cardiorespiratória e muscular para produzir bons resultados. É preciso bastante peso durante as séries, não apenas grande volume de repetições.
Além disso, devido ao alto esforço físico de se executar 2 ou mais exercícios sem intervalo, é preciso que o atleta tenha bom padrão de movimento e postura durante as séries e repetições. De modo a não se lesionar pela falta de descanso.
De modo geral, as superséries tem sido estudadas pela comunidade científica com atletas avançados:
Kelleher, A. et. al. (2010) pesquisaram as diferenças entre um treino de supersérie e o treino normal, investigando o custo metabólico em cada tipo de treino. O primeiro método produziu maior consumo energético durante e pós treino (maior consumo de oxigênio pós exercício) do que o clássico, com benefícios diretos na resistência cardio vascular e muscular dos atletas.
Ceola e Tumelero (2008) também investigaram os resultados dos treinos em supersérie comparando-os com o treino clássico de hipertrofia. Concluíram que a hipertrofia foi melhor no treino clássico mas o ganho de força foi melhor no treino de 2 exercícios seguidos sem intervalo (aumento de 13% na sua força).
A partir desses estudos temos que as superséries:
- gastam mais energia durante e pós treino
- são mais indicadas para o ganho de força, não de hipertrofia.
- há boa melhora na resistência muscular, pois as fibras tornam-se mais fortes por serem requisitadas em muito volume de esforço, mas não em intensidade (cargas elevadas).
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