Segunda parte do post sobre o Consumo de Oxigênio, desta vez comentando sobre os limiares que permitem classificar o nível de aptidão física e a predominância do substrato energético no treino.
Este post está um pouco mais técnico do que costumo escrever, mas acredito que o tema merece uma explicação mais científica. Caso se desinteresse no miolo do texto, pule para a parte em negrito (Para que saber dos limiares).
Conforme vimos no post anterior sobre VO2, o chamado Consumo de Oxigênio refere-se a taxa máxima de oxigênio que o organismo consegue captar e utilizar a fim de gerar energia.
Quando corremos, por exemplo, o corpo precisa produzir energia para nos manter em atividade. Essa energia é oriunda da queima de algum substrato energético (carboidrato, gordura ou proteína) com o oxigênio que respiramos.
A intensidade do esforço é que determinará qual dos substratos será predominante nessa produção de energia. Quanto mais intenso for o exercício, mais desgastante serão as reações químicas necessárias para produzir a energia que o músculo precisa para se manter em atividade, logo, as reações químicas de produção de energia deverão ser mais rápidas.
De tão rápidas que acabam nem utilizando o oxigênio. São reações metabólicas chamadas de anaeróbias. Ocorrem portanto quando o VO2 máx já foi superado pela demanda de energia do corpo.
Como resultado dessas reações anaeróbias há sobra de lactato, por isso chamado de limiar de lactato ou limiar anaeróbio.
O acúmulo de lactato no sangue e no músculo induz à fadiga, exigindo que o esforço diminua e o atleta pare o exercício. Por isso aquela sensação de queimação nos músculos.
Sendo assim, em dois indivíduos com o mesmo valor de consumo máximo de oxigênio (VO2max), a pessoa com o limiar de lactato mais alto terá um melhor desempenho de resistência.
Isso explica o porquê de se fazer o treino de resistência localizada e geral a fim de melhorar a remoção de lactato e elevar o limiar anaeróbio e o VO2 max. Dessa forma você conseguirá ter melhor rendimento esportivo (sprinter) e maior duração do esforço (fundista).
Para que serve saber dos limiares?
Sabendo onde estão os seus limiares durante o esforço em termos de frequência cardíaca, você poderá treinar especificamente cada um desses sistemas energéticos. Por exemplo:
- se você for fundista e treina para uma maratona, não te servirá treinar acima do limiar anaeróbio. Será preciso treinar o sistema aeróbio de energia de modo a te manter mais tempo na prova com melhor rendimento possível.
- se você for um atleta de sprint, com esforço de alta intensidade e baixa duração, é preciso treinar o sistema anaeróbio de energia e sua remoção de lactato, de modo a produzir rapidamente a energia necessária sem o acúmulo demasiado de lactato que te impedirá a continuidade do exercício.
- controlar o esforço de acordo com a necessidade do tipo de treino: aeróbio ou anaeróbio
- controlar o ritmo de esforço sabendo qual substrato energético esta predominantemente sendo metabolizado: carboidratos, gorduras, proteínas
- saber em que frequência cardíaca ocorre maior acúmulo de lactato, visando treinar sua remoção ou mesmo impedir sua produção exagerada
- prever o momento de fadiga precoce durante o treino
- melhorar o rendimento físico elevando o limiar anaeróbio de modo a otimizar o metabolismo aeróbio, sabendo que Intensidades sobre ou acima do Limiar Anaeróbio não são eficazes para o realização de atividades que visem o desenvolvimento de técnicas de execução de movimentos.
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